domingo, 13 de janeiro de 2013

15. Amour (Michael Haneke, 2012)

Pra minha surpresa o titulo que o filme carrega não é mais uma pitada de cinismo do Haneke, caracteristica tão comum na filmografia dele. É comovente ver a entrega absoluta de Georges abdicando todo o espaço de sua vida e viver exclusivamente para a doença da esposa, mesmo essa pouco a pouco perdendo todas as caracteristicas que o fizeram amá-la. E conforme a doença vai se tornando mais sofocante e engolindo a tudo ao seu redor, mais transparece a incrível pureza e veracidade absoluta do sentimento que eles carregam. E quando finalmente a decisão mais drástica é tomada por um deles, fica impossível de fazer um julgamento mais rigoroso, ideologias a parte. Os momentos em que Georges e Anne estão a sós, acompanhados apenas pela evolução ininterrupta da doença, e tentando confrontá-la na medida do possível, é dos mais bonitos do cinema esse ano.

sábado, 12 de janeiro de 2013

14. Frankenweenie (Tim Burton, 2012)

Não sou nada fã do estilo estético do Burton ou da alegoria de personagens bizarros que ele costuma apresentar. Raras exceções em que achei que ele se saiu realmente bem. Normalmente acho tudo exagerado demais pro meu gosto, então não é de se espantar que um filme mais simples e menos extravagante dele tenha mais chance de ser do meu agrado, já que talento eu reconheço que ele tenha. E esse Frankeweenie realmente me pegou. É simplesmente uma delícia acompanhar o cachorrinho Spark saltitando, e cheirando, e correndo, e explodindo de alegria cada vez que fica perto do seu amigo. É uma abordagem tão honesta do como é essa relação criança e seu cachorro que fica impossível não se identificar. E quando a tragédia acontece e a dor é posta daquela forma tão pura e real, todo o esforço para reverter é comprado imediatamente pelo expectador. Fazendo até com que as lições de moral clichês que normalmente seriam postas em prática, como a morte acidental ou natural ser um caminho irremediavel e que deve ser respeitado, não se enquadrem aqui. Eles são os melhores amigos do mundo e merecem continuar assim por muitos anos ainda, e se a morte tentou impedir isso, ela que está errada e que deve esperar. E por isso aquele esforço coletivo final é tão bonito. Pra mim está entre os três melhores filmes do Tim Burton.

13. Beasts of the Southern Wild (Benh Zeitlin, 2012)

Poderia ser só mais uma história de pai e filha contra o mundo, mas o acréscimo de elementos meio surreais como os porcos chifrudos gigantes descongelando que culminam em uma analogia interessante mais pro final, e o tom meio apocalptico que cercam os personagens, faz esse aqui ter uma identidade bem própria. O relacionamento da dupla tambem é muito bem construido, consegue sair do lugar comum. Comove apenas quando precisa, não tenta ir além devido a situação precaria que vivem os personagens. Pelo contrário, é bacana não cair em coitadismos, mostrando que apesar do lixo que o cercam, ainda assim, estão bem ali. De resto, bem filmado, uma trilha ótima, etc. Mas nada que vá muito além. Me agradou, apesar de achar um pouco estranha essa babação toda por ele.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

12. Intocáveis (Olivier Nakache, Erik Toledano, 2011)

É o tipo de filme que a cada momento corria o sério risco de ser extremamente melodramático, mas que incrivelmente consegue ser engraçadissímo quando quer e tocante quando quer. Não tem como não acompanhar desarmado a amizade dos dois fluindo daquela forma tão espontânea e engraçada. Filme delicioso e de uma sensibilidade raramente vista.

11. Branca de Neve e o Caçador (Rupert Sanders, 2012)

Surpreendentemente bom. Um filme completo: uma estética impecável, personagens com carisma o suficiente, violência muito acima da média, uma vilã fantástica e com motivações criveis, um diretor que usa planos elegantes sabendo valorizar a beleza do cenário... E o filme poderia facilmente se encerrar por aí, até acho que seria a decisão mais sensata, mas como decidiram transformar em franquia, continuarei assistindo. Me divertiu o suficiente.

10. Cannibal Holocaust (Ruggero Deodato, 1980)

Eu nunca havia ficado tão revoltado assistindo um filme. As mortes reais e brutais a animais me fizeram questionar até onde a arte pode ir pra alcançar o objetivo impactante. Teoricamente ele não fez nada de diferente do que um matadouro, que sacrifica a minha futura refeição, faria. Mas mesmo assim eu senti asco por todos os envolvidos nesse projeto. E por mais paradoxal que possa parecer, não me impediu de achar esse filme incrível. Uma experiência única, das mais fortes que eu tive com o cinema. Até um pouco constrangido por ter gostado tanto. Mas mesmo assim, não recomendaria pra ninguém e entendo ter sido banido de tantos locais.

09. Sindicato de Ladrões (Elia Kazan, 1954)

Seria apenas um filme razoável, não fosse a espetacular atuação do Marlon Brando que eleva tudo brilhantemente. Põe o filme no bolso e o carrega assobiando até o final.